Alimentação
A alimentação, enquanto prática associada a diversas representações, nos permite compreender como os diversos grupos imprimem constantemente ao mundo suas vontades, crenças e valores, sendo uma dimensão social extremamente importante. Para além de sua perspectiva sócio-antropológica, a alimentação, como outros objetos de estudo, se qualifica como um fato social total. Um objeto multidimensional que se articula prontamente com diversos ramos das ciências sociais, da biologia, fisiologia, agronomia e ecologia, etc.
Assim sendo, a alimentação pode ser analisada sob várias perspectivas, ao mesmo tempo independentes e complementares: a perspectiva econômica, na qual se enfatiza a relação entre a oferta e a demanda tendo como análise privilegiada (as relações de mercado), o abastecimento, os preços dos alimentos e a renda das famílias; a perspectiva da nutrição, com enfoque nos componentes nutricionais dos alimentos, nas carências e nas relações entre dieta e doença; a perspectiva social, voltada para as associações entre a alimentação e a organização social do trabalho, a diferenciação social do consumo, os ritmos e estilos de vida; bem como a perspectiva cultural, interessada no aspecto simbólico da alimentação, tais como os gostos, hábitos, tradições culinárias, representações, práticas, preferências, repulsões, ritos e tabus (OLIVEIRA, 1997).
Atualmente, os aspectos culturais da alimentação vêm ganhando visibilidade, o que nos permite identificar a dimensão da cultura contida no modo como produzimos, consumimos e, distribuímos os alimentos. O ato de se alimentar é um ato simbólico, embora não podemos esquecer que comemos por necessidade fisiológica. Comemos em conformidade com a sociedade em que estamos inseridos, de acordo com a forma como ela se organiza, estrutura, produz e distribui os alimentos. Comemos de acordo com a distribuição de riqueza dentro da sociedade, de acordo com o grupo e classe de pertencimento, representações coletivas, crenças e tabus (CANESQUI & GARCIA, 2005).
Segurança alimentar
Há dois conceitos correntes em relação à segurança alimentar, um desses diz respeito ao acesso e o outro à sua qualidade. Segundo a definição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a Segurança Alimentar diz respeito ao “direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”. A segurança alimentar é estratégica não só pelo aspecto ligado à saúde pública, mas também pela imagem e competitividade dos alimentos brasileiros no mercado internacional.
Em termos de legislação, segundo a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006), por Segurança Alimentar e Nutricional – SAN entende-se a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
Alimentos Biofortificados
Biofortificação é o processo utilizado para aumentar o conteúdo nutricional de micronutrientes, como vitaminas e minerais específicos, das porções comestíveis das plantas utilizadas como alimentos, o que pode ser feito através de técnicas de melhoramento convencional de plantas ou através da biotecnologia. A introdução de produtos agrícolas biofortificados na dieta das camadas mais pobres da população visa complementar as intervenções em nutrição existentes, proporcionando uma maneira sustentável e de baixo custo para alcançar tais populações, que dispõem de acesso limitado aos sistemas formais de mercado e de saúde.
A fortificação de alimentos com vitamina A e Fe, assim como a distribuição de suplementos destes micronutrientes para a população-alvo, têm sido as estratégias mais utilizadas na maioria dos países em desenvolvimento para combater a hipovitaminose A e a anemia ferropriva.
Da mesma forma, pesquisas recentes têm demonstrado que o melhoramento de plantas pode ajudar a melhorar a dieta humana, com o desenvolvimento de plantas com maiores teores de vitamina A e de minerais, ou seja, através da biofortificação.
Alimentos Funcionais
São alimentos ou ingredientes que produzem efeitos benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas. Os alimentos funcionais caracterizam-se por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, dentre outras.
Conheça os principais compostos funcionais investigados pela ciência, para que servem e em quais alimentos são encontrados:
Isoflavonas
Para que servem: Ação estrogênica (reduz sintomas da menopausa) e anti-câncer;
Onde encontrar: Soja e derivados.
Proteínas de soja
Para que servem: Redução dos níveis de colesterol;
Onde encontrar: Soja e derivados.
Ácidos graxos ômega-3
Para que servem: Redução do LDL – colesterol; ação antiinflamatória; indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém nascidos;
Onde encontrar: Peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova, arenque, etc.
Ácido a – linolênico
Para que servem: Estimula o sistema imunológico e tem ação antiinflamatória;
Onde encontrar: Óleos de linhaça, colza, soja; nozes e amêndoas.
Catequinas
Para que servem: Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico;
Onde encontrar: Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa, vinho tinto.
Licopeno
Para que servem: Antioxidante, reduzem níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como de próstata;
Onde encontrar: Tomate e derivados, goiaba vermelha, pimentão vermelho, melancia.
Luteína e Zeaxantina
Para que servem: São Antioxidantes; protegem contra degeneração macular;
Onde encontrar: Folhas verdes (luteína). Pequi e milho (zeaxantina).
Indóis e Isotiocianatos
Para que servem: Indutores de enzimas protetoras contra o câncer, principalmente de mama;
Onde encontrar: Couve flor, repolho, brócolis, couve de bruxelas, rabanete, mostarda.
Flavonóides
Para que servem: Atividade anti-câncer, vasodilatadora, antiinflamatória e antioxidante;
Onde encontrar: Soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja.
Fibras solúveis e insolúveis
Para que servem: Reduz risco de câncer de cólon; melhora o funcionamento intestinal. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e no tratamento da obesidade, pois dão maior saciedade;
Onde encontrar: Cereais integrais como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, etc; leguminosas como soja, feijão, ervilha, etc.; hortaliças com talos e frutas com casca.
Prebióticos – frutooligossacarídeos, inulina
Para que servem: Ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino;
Onde encontrar: Extraídos de vegetais como raiz de chicória e batata yacon.
Sulfetos alílicos (alilsulfetos)
Para que servem: Reduzem colesterol, pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e reduzem risco de câncer gástrico;
Onde encontrar: Alho e cebola.
Lignanas
Para que servem: Inibição de tumores hormônio-dependentes;
Onde encontrar: Linhaça, noz moscada.
Tanino
Para que servem: Antioxidante, anti-séptico, vaso-constritor;
Onde encontrar: Maçã, sorgo, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju, soja.
Estanóis e esteróis vegetais
Para que servem: Reduzem risco de doenças cardiovasculares;
Onde encontrar: Extraídos de óleos vegetais como soja e de madeiras.
Probióticos – Bífidobacterias e Lactobacilos
Para que servem: Favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon;
Onde encontrar: Leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados.
Alimentos In Natura
Alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais (como folhas e frutos ou ovos e leite) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza.
Alimentos processados
Os considerados processados são produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães;
Alimentos minimamente processados
Alimentos minimamente processados são alimentos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. Exemplos incluem grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes e tubérculos lavados ou congelados e leite pasteurizado. Por definição, cortes de carne resfriados entram nessa categoria. Ainda são minimamente processados produtos extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza e usados pelas pessoas para temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Exemplos desses produtos são: óleos, gorduras, açúcar e sal. Em todo processamento mínimo, não há agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento.
Alimentos ultraprocessados
Essa categoria corresponde a produtos cuja fabricação envolve diversas etapas e técnicas de processamento e vários ingredientes, muitos deles de uso exclusivamente industrial. Exemplos incluem refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo. Enlatados, embutidos, frituras também estão nessa categoria.